A oferta, até o próximo ano, de um montante total de 35 mil áreas e oito blocos para pesquisa mineral deve provocar uma grande mudança no ambiente de negócios da mineração brasileira, já que apresentará aos investidores que pretendem ingressar no setor uma lista variada de locais que foram pouco explorados ou que ficaram “trancados” durante décadas, sem qualquer movimentação devido à burocracia. Para falar sobre o tema, a comissão organizadora Brasil PDAC2021 reuniu especialistas brasileiros no painel “Espaços e Novas Fronteiras para a Pesquisa Mineral no Brasil” (Mineral Exploration Search Spaces in Brazil), nesta quarta-feira, 10 de março.
O Diretor Executivo da Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (ADIMB), professor Roberto Xavier, destacou que, além das áreas mais conhecidas como é o caso de Carajás (PA) e do Quadrilátero Ferrífero (MG), consideradas maduras do ponto de vista de conhecimento geológico e as mais produtivas do país, há outras tantas que merecem a atenção dos investidores que se interessam pelo ouro, metal que tem se mantido em alta no mercado mundial nos últimos anos ou para níquel, cobre, cobalto, elementos do grupo da platina, titânio e vanádio, que têm tido uma demanda crescente em função do desenvolvimento tecnológico e demanda por uma energia global mais verde.
Segundo o geólogo e pesquisador de Geociências do Serviço Geológico do Brasil / Geological Survey of Brazil (CPRM), Anderson Dourado, o mercado de oportunidades nacional inclui pesquisas em áreas já conhecidas, depósitos pouco ou não explorados e outros que foram descobertos recentemente. “Na próxima oferta pública, teremos áreas importantes que ainda estão disponíveis, como por exemplo na província mineral do Tapajós”, destacou.
Outra área emergente que pode guardar boas surpresas para os investidores é a província mineral da Alta Floresta (Juruena- Teles Pires), no norte do Mato Grosso e Sul do Pará, já que tem potencial para descobertas não somente de ouro, mas também para cobre, chumbo e zinco. Juntas, elas têm o maior número de áreas em exploração por hectare no país.
Ouro
Atualmente, o Brasil é o décimo terceiro maior produtor de ouro mundial com 89 toneladas (2019) extraídos de 62 depósitos, como o metal principal ou subproduto. No Brasil há aproximadamente 4.500 permissões ou licenças para pesquisas para ouro. Em 2020, a onça chegou a US$ 2 mil e o metal movimentou US$ 5 bilhões de dólares/ano.
Como o preço tem se mantido em alta, a nova “corrida pelo ouro” nacional é uma oportunidade de investimento que deve ser considerada, segundo a professora da Universidade de Minas Gerais (UFMG), PhD em Geologia Econômica e consultora Lydia Lobato. “A produção de ouro vai cair em 2021 e não sabemos quanto tempo mais o preço vai se manter em alta. “Temos o desafio de substituir a produção das minas profundas de ouro, como a Cuiabá (Sabará – MG), ou mesmo a de céu aberto de Paracatu (MG), por inúmeras de médio porte, com capacidade produtiva em tempo hábil para aproveitar o bom momento do metal”, afirmou. Para ela, é preciso que as empresas deixem a “zona de conforto” para encontrar novas áreas.
Ainda conforme a especialista, como no Brasil uma mina, após a descoberta de um depósito, pode levar mais de 10 anos para começar a operar, existe uma preocupação do mercado para que as áreas se tornem produtivas em um menor prazo.
Demanda crescente
No caso dos minerais de metais não ferrosos, Ni, Cu, Co, Ti, V e elementos de grupo da platina, a demanda tem sido crescente em função da indústria automobilística voltada à produção de carros elétricos, e diversos setores de alta tecnologia. Programas de exploração mineral desenvolvidos nos últimos 20 anos conduziram à descoberta de vários depósitos desses metais em diferentes tipos de ambientes geológicos, como ressaltou o pesquisador e professor da Universidade de Brasília (UnB), Cesar Ferreira Filho. “São ambientes geológicos que devem ser revisitados pois mostram grande potencial para esses metais e que podem ter resultados positivos com o uso de novos métodos de exploração”, recomendou. Este deve ser um ponto de atratividade e uma possibilidade a ser considerada pelos investidores.
Sobre – O evento “Brazilian Mining Sessions 2021” é uma série de palestras realizadas online de 5 a 11 de março de 2021, que ocorrem paralelo à convenção anual Prospectors nd Developers Association of Canada (PDAC 2021). As palestras são voltadas para investidores e profissionais interessados no setor mineral brasileiro e e fazem parte da iniciativa BRASIL PDAC 2021, coordenada pela Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (ADIMB) e pela Brazil-Canada Chamber of Commerce (BCCC) sediada em Toronto, em parceria com Ministério de Minas e Energia e entidades do setor.